sábado, 21 de dezembro de 2013

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - 03

Exercícios de PortuguêsINTERPRETAÇÃO DE TEXTO - 03




TEXTO 3
A ARTE DO REAL



          No dia da primeira exibição pública de cinema - 28 de dezembro de 1895, em Paris -, um homem de teatro que trabalhava com mágicas, Georges Méliès, foi falar com Lumière, um dos inventores do cinema; queria adquirir um aparelho e Lumière o desencorajou, disse-lhe que o "cinematógrafo" não tinha o menor futuro como espetáculo, era um instrumento científico para reproduzir o movimento e só poderia servir para pesquisas.  Mesmo que o público, o início, se divertisse com ele, seria uma novidade de vida breve, logo cansaria.  Lumière enganou-se.  Como essa estranha máquina de austeros cientistas virou uma máquina de contar histórias para enormes platéias, de geração em geração, durante quase um século?
          Nesse 28 de dezembro, o que apareceu na tela do "Grand Café"?  Uns filmes curtinhos, filmados com a câmara parada, em preto-e-branco e sem som.  Um em especial emocionou o público: a vista de um trem chegando na estação, filmada de tal forma que a locomotiva vinha vindo de longe e enchia a tela, como se fosse projetar a platéia.  O público levou um susto, de tão real que a locomotiva parecia.  Todas essas pessoas já tinham com certeza viajado ou visto um trem em movimento.  Esses espectadores todos sabiam que não havia nenhum trem verdadeiro na tela, logo não havia por que se assustar.  A imagem na tela era em preto-e-branco e não fazia ruídos, portanto não podia haver dúvida, não se tratava de um trem de verdade.  Só podia ser uma ilusão.  E aí que residia a novidade: na ilusão.  Ver trem na tela como se fosse verdadeiro.  Parece tão verdadeiro - embora a gente saiba que é de mentira - que dá para fazer de conta, enquanto dura o filme, que é de verdade.  Um pouco como num sonho: o que a gente vê e faz num sonho não é real, mas isso só sabemos depois, pensamos que é verdade.  Essa ilusão de verdade, que se chama impressão de realidade, foi provavelmente a base do grande sucesso do cinema (. . . )
          A máquina cinematográfica não caiu do céu.  Em quase todos os países europeus e nos Estados Unidos, no fim do século XIX, foram-se acentuando as pesquisas para a produção de images em movimento.  É a grande época da burguesia triunfante; ela está transformando a produção, as relações de trabalho, a sociedade, com a Revolução Industrial: ela está impondo seu domínio sobre o mundo ocidental, colonizando uma imensa parte do mundo que posteriormente viria a se chamar de Terceiro Mundo. (. . . ) Dessa época, fim do século XIX, início deste, datam a implantação da luz elétrica, a do telefone, do avião etc., no meio dessas máquinas todas, o cinema será um dos trunfos maiores do universo cultural.  A burguesia pratica a literatura, o teatro, a música, etc., evidentemente, mas essas artes dela.  A arte que ela cria é o cinema.
          Não era uma arte qualquer.  Reproduzia a vida tal como é - pelo menos essa era a ilusão.  Não deixava por menos.  Uma arte que se apoiava na máquina, uma das musas da burguesia.  Juntava-se a técnica e a arte para realizar o sonho de produzir a realidade.
 (Jean-Claude Bernardet, O que é cinema.)

EXERCÍCIOS
1) Por que Lumière, um dos criadores do cinema, via sem muito entusiasmo o seu invento?

2) Qual foi a base do sucesso do cinema no mundo inteiro?
 3) Que relação é possível ser estabelecida entre Revolução Industrial e cinema?
a) O cinema é uma arte que depende de máquina, que só se desenvolveram com a Revolução Industrial.
b) O cinema é uma arte que não depende de máquinas, que só se desenvolve após a Revolução Industrial.
c) O cinema não é uma arte que depende de máquinas, que só de desenvolveram com a Revolução Industrial.

4) O cinema aparece ao lado de quais outros avanços tecnológicos do fim do século XIX e princípio do século XX?
a) trem - luz elétrica - telefone.
b) luz elétrica - telefone - avião.
c) avião - telefone - locomotiva.

5) Por que o cinema, desde o seu surgimento, não foi considerado como uma arte qualquer?
a) O cinema não era arte qualquer não reproduzia a vida tal como é.
b) O cinema por ser uma arte qualquer reproduzia pelo menos uma ilusão.
c) O cinema não foi considerado como uma arte qualquer por reproduzir a vida tal como é.

6) O texto "A arte do real" pode ser dividido em quatro partes.  Indique em que parágrafos estão cada uma das partes.
a) o ponto de vista de Lumière sobre o seu invento.
b) a exibição de filmes no "Grand Café" e a reação do público.
c) as relações entre a máquina cinematográfica e a burguesia.
d) o sonho de reproduzir a realidade.

7) A reflexão feita pelo autor no segundo parágrafo é um raciocínio para concluir qual foi a novidade trazida pelo cinema.  Indique a justificativa errada, segundo o texto.
a) A novidade não foi os espectadores terem visto um trem em movimento.
b) Não havia motivo para os espectadores se assustarem.
c) Os espectadores não tinham dúvidas de que o trem não era de verdade.

8) Portanto, qual foi a novidade trazida pelo cinema?

9) Qual é o nome mais exato dessa novidade?

10) O texto diz que:
a) Em quase todos os países europeus e nos Estados Unidos, no fim do século XIX, foram-se acentuando as pesquisas para a produção de images sem movimento.
b) A máquina cinematográfica caiu do céu.
c) No dia 28 de dezembro apareceu na tela do "Grand Café" uns filmes curtinhos, filmados com a câmara parada, em preto-e-branco e sem som.



GABARITO INTERPRETAÇÃO DE TEXTO  - 03



1) Ele achava que o cinematógrafo era apenas um instrumento para reproduzir o movimento e só poderia servir para pesquisas e não para espetáculos.

2) A impressão de realidade causada pelas cenas projetadas nas telas.

3) a

4) b

5) c

6) a) no 1º parágrafo.
     b) no 2º parágrafo
     c) no 3º parágrafo
     d) no 4º parágrafo

7) d

8) A ilusão.

9) Impressão de realidade

10)  c



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oi pessoal estou publicando todo o meu material de estudos, espero que seja útil para vcs...