Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa
O objetivo deste trabalho é apresentar de forma clara e objetiva as mudanças promovidas pelo acordo internacional redigido no ano de 1990 em Lisboa e concretizado no Brasil pelo Decreto nº 6.583 de 29 de Setembro de 2008, que afetará entre outras coisas, os editais referentes a concursos públicos, vestibulares e processos de seleção de escolas e colégios públicos/privados.
É importante estar atento que apesar de existir um período de transição para que as novas regras se tornem obrigatórias, os editais para novos concursospoderão ou não exigir a nova ortografia. Isto quer dizer que este novo conhecimento poderá ser exigido de você muito antes que o prazo de adaptação chegue ao seu final.
Por este motivo a adaptação deve ser feita o mais rápido possível para seu maior proveito, afinal todos os concursos realizados pelas diversas esferas do governo exigem em maior ou menor grau o conhecimento da língua portuguesa.
Vamos às possibilidades!
· Concursos com editais publicados anteriormente a 1° de Janeiro de 2009 não poderão cobrar as novas regras.
· Concursos com editais publicados após a data acima, e que especificam as novas regras deverão cobrá-las em suas provas.
· Concursos com editais publicados após a data acima e que não deixarem claro se cobrarão ou não, também estarão aptos a cobrar as novas regras, portanto estude-as!
· ATENÇÃO! Existe um ponto controverso que todo estudante de concursos deve estar plenamente ciente.
Não basta apenas saber as novas regras da ortografia brasileira e esquecer as antigas, pois pode ser exigido de você saber a diferença entre elas. Isso mesmo! Fique atento e estude bem este material para saber todos os pontos de mudança e não ser surpreendido.
Finalmente, sabemos que deve estar ansioso para começar logo seus estudos. Mas tenha paciência! Um pouco de cultura geral não fará mal a ninguém, até porque o conhecimento de atualidades também faz parte do que os concursandos devem saber. Então vamos a primeira parte deste trabalho.
Bons estudos!
1) Contextualização
- Quais países estão envolvidos neste processo de unificação da ortografia da língua portuguesa?
São eles: República de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.
- Quanto tempo levará para que todas as regras estejam efetivamente em vigor?
A implementação completa do acordo ortográfico se dará ao fim do período de transição que está compreendido entre de 1o de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012. Dentro deste, as duas regras serão consideradas igualmente válidas.
- O acordo ortográfico interfere no modo de falar da população dos países signatários?
Não. O acordo prevê tão somente alterações no modo de escrever, ou seja, na ortografia.
- Qual a importância da unificação da grafia para os países signatários do acordo?
Com mais de 200 milhões de adeptos ao redor do globo, o português é a quinta língua mais falada no mundo. O objetivo é promover a padronização exigida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para reconhecer nossa língua como de padrão internacional.
Isto é importante, pois entre as línguas mais faladas no mundo, é a única que não possui tal título.
Em termos práticos espera-se que o comércio internacional entre estes países seja favorecido, pois a redação de documentos e memorandos, por exemplo, fica simplificada.
- Qual é o alcance desta reforma?
Estima-se que ela afete uma pequena parte (porém fundamental) das palavras da língua portuguesa (cerca de 1%). Devido às últimas reformas na língua portuguesa realizadas no Brasil (1971), seremos menos afetados que os outros países signatários como Portugal por exemplo.
2) O Alfabeto
- O que muda a respeito do nosso alfabeto?
A partir do novo acordo, o alfabeto passa a conter 26 letras.
As letras K,Y e W passam a figurar no alfabeto brasileiro.
Essas letras serão usadas em siglas,símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados.
Exemplos: kg-quilograma, km-quilómetro; Kuwait; Darwin, darwinismo; Shakespeare.
3) O Trema
A utilização do trema na escrita da nossa língua foi suprimida salvo em casos de nomes derivados de língua estrangeira como: Müller, mülleriano.
Portanto o uso do trema em palavras como freqüência, eloqüência, argüir, lingüiça, pingüim, etc.; não poderão mais ser utilizados.
4) A acentuação
4.1) O acento diferencial
Segundo o novo acordo, não se deve mais usar o acento diferencial entre palavras que se fala e escreve da mesma maneira.
Regra antiga: “O tempo não pára”.
/ “Estou pronto para prosseguir”.
Como observado no exemplo acima, o verbo parar e a preposição para eram diferenciadas pelo acento na primeira sílaba.
Nova Regra: “O tempo não para”.
Outros exemplos: côa (verbo) agora se escreve coa; pêlo (substantivo) agora se escreve pelo.
Exceções:
i) Os verbos ter e vir, bem como seus derivados, devem ser acentuados para diferenciar a forma singular do plural.
Exemplos: “João (ele) vem nos visitar.” / “João e Maria (eles) vêm nos visitar”.
“Você tem uma bela casa” / “Vocês têm”.
“Ela retém informações”/“Elas retêm”.
ii) O acento permanece para diferenciar o verbo pôr da preposição por.
iii) É facultativo o uso do acento circunflexo para a palavra, dêmos (1ª pessoa do presente do conjuntivo),
para se distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do indicativo
(demos); assim como se pode usar para diferenciar as palavras fôrma (substantivo), de forma (substantivo- 3ª pessoa do singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do imperativo do verbo formar).
4.2) Palavras paroxítonas (Palavras que tem acento tônico na penúltima sílaba):
O acento no “i” e no “u” tônicos, quando vierem depois de um ditongo, não deve mais ser usado.
Regra antiga: baiúca, bocaiúva, cauíla, feiúra.
Nova Regra: baiuca, bocaiuva, cauila, feiúra.
Exceção:
i) Em caso de palavras oxítonas (acentuação tônica na última sílaba) em que o “i” ou o “u” estiverem em posicionados ao final, o acento deve ser mantido.
Exemplo: Piauí.
4.3) Palavras paroxítonas:
Não devem ser acentuadas quando ocorrerem ditongos abertos como no caso do “oi” e “ei”,
Regra Antiga: bóia, colméia,
idéia, platéia, boléia, panacéia,
hebréia, jibóia, paranóico, assembléia.
Nova Regra: boia, colmeia, ideia, plateia, boleia, panaceia, hebreia, paranoia, jiboia, paranóico, assembléia.
Exceção:
Nas palavras oxítonas e monossilábicas o acento continua para os ditongos abertos “ei”, “oi” e “eu”: anéis, papéis, constrói, herói, dói, rói, céu, chapéu.
4.4) O caso gue, que, gui e qui:
A letra “u” nas formas verbais gue,que, gui, qui não deve mais ser acentuada.
Regra antiga: averigúe, argúi, apazigúe, enxágúe.
Regra Nova: averigue, argui, apazigue, enxágue.
4.5) Hiatos:
No caso de ocorrerem hiatos como “ee” e “oo”, não deverão mais ser acentuados.
Regra Antiga: enjôo, perdôo, vôo,corôo, côo, môo, povôo, lêem,
dêem, crêem, vêem, descrêem,
relêem, revêem.
Regra Nova: enjoo, perdoo, voo, coroo,coo, moo, povoo, leem, deem, creem,veem, descreem, releem, reveem.
4.6) Acentuação dupla (ATENÇÃO!):
i) Palavras proparoxítonas (acento tônico na antepenúltima sílaba) cujas vogais tônicas estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes nasais “m” ou “n”, são passíveis de escolha entre acento agudo ou circunflexo.
Regra Antiga: gênero, acadêmico, fenômeno, anatômico, cômodo, econômico, gênero, tônico.
Nova Regra: género ou gênero, académico ou acadêmico; fenómeno ou fenômeno; anatómico ou anatômico; cómodo ou cômodo, económico ou econômico; género ou gênero, tónico/tônico.
ii) Palavras paroxítonas terminadas em ditongo também podem receber o acento agudo ou circunflexo
quando as vogais tônicas são
seguidas das consoantes
nasais “m” ou “n”.
Regra Antiga: Antônia, blasfêmia, fêmea, gêmeo, gênio, tênue,
patrimônio, Amazônia.
Nova Regra: Antónia ou Antônia;
Blasfémia ou blasfêmia;
Fémea ou fêmea; gémeo ou gêmeo;
Génio ou gênio; ténue ou tênue;
património ou patrimônio; Amazónia ou Amazônia.
5) Regras de Hífen
5.1) Hifenização com a mesma vogal:
Quando a palavra é formada por um
prefixo terminado com uma vogal que é repetida no inicio da próxima palavra, deve-se usar hífen.
Regra Antiga: antiinflamatório, microondas, microônibus, antiibérico, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo.
Nova Regra: anti-inflamatório, micro-ondas, micro-ônibus, anti-ibérico,anti-inflacionário, antiimperialista,arqui-inimigo.
Exceção:
O prefixo “co” continua sem hífen.
Exemplos: coordenar, cooperar, coobrigação.
5.2) Hifenização com a vogal diferente:
Quando a palavra é formada por um prefixo terminado com uma vogal que é seguida de outra palavra iniciada por uma vogal diferente, não se deve usar hífen.
Regra Antiga: extra-escolar,
extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular
auto-ajuda, auto-aprendizagem,
auto-escola, auto-estrada,
auto-instrução, contra-exemplo,
contra-indicação, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista,
semi-aberto, semi-árido,semi-automático,semi-embriagado,
semi-obscuridade.
Nova Regra: extraescolar, extraoficial,infraestrutura, intraocular, autoajuda, autoaprendizabem, autoescola,
autoestrada, autoinstrução,
contraexemplo, contraindicação,
contraordem, intrauterino,
neoexpressionista, neoimperialista,
semiaberto, semiautomático, semiárido, semiembriagado, semiobscuridade.
Exceção:
A regra não é válida quando a próxima palavra começar com “h”.
Exemplos: anti-higiênico, anti-herói, extra-humano.
5.3) Hifenização com RR e SS:
Quando a palavra é formada por um prefixo terminado com uma vogal que é seguida de outra palavra iniciada por “r” ou “s”, não se deve usar hífen. Assim sendo, estas letras serão repetidas!
Regra Antiga: autoretrato, ante-sala,
anti-social, anti-rugas, arquiromântico,arqui-rivalidae, autoregulamentação,
auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha,extra-regimento, extra-sístole, extra-seco, infra-som, ultra- sonografia, semi-real, semi-sintético, supra-renal.
Nova Regra: autorretrato, antessala, antissocial, antirrugas, arquirromântico, arquirrivalidade, autorregulamentação, ultrarromântico,ultrassonografia, contrassenha, extrarregimento,
extrassístole, extrasseco, infrassom,
inrarrenal, suprarrenal, semirreal, semissintético, suprarrenal.
Exceção:
Nos casos dos prefixos sub, hiper, inter e super, o hífen só continua inalterado se a próxima palavra começar com a letra “h”ou “r”.
Exemplos: sub-região, super-racional, super-realista, hiper-história, super-homem, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, inter-relação,inter-hospitalar.
5.4) Palavras compostas:
Nos casos de palavras compostas nas quais se perdeu a idéia de composição, o hífen não deve mais ser utilizado.
Regra Antiga: pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa,
pára-choque, manda-chuva.
Nova Regra: paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, parachoque, mandachuva.
5.5) Casos em que não houve mudança no uso do Hífen:
i) No caso de palavras formadas por “circum” e “pan” seguidas de outras
palavras iniciadas com vogal, ou as letras H, M ou N.
Exemplos: pan-americano, circum-navegação, circum-murado, circum-hospitalar.
ii) No caso em que os sufixos de origem indígena (tupi-guarani) representam formas adjetivas.
Exemplos: “açu" (capim-açu) , “guaçu” (amoré-guaçu) e “mirim (anajá-mirim).
iii) No caso de palavras formadas pelos prefixos “pré”, “pró”, “pós” (quando acentuados), “ex”, “vice”, “soto”, “sota”,“além”, “aquém”, “recém” e “sem”.
Exemplos: pré-natal, pró-europeu, pós-graduação, ex-presidente, vice-prefeito, soto-mestre, além-mar, aquém-oceano, recém-nascido, sem-teto.
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